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sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Rafael Vianna profere palestra na Sanepar

Na continuidade da divulgação de seu livro, "Diálogos sobre segurança pública: o fim do estado civilizado", e de sua missão de orientar e conscientizar a sociedade em questões relativas à segurança, o Delegado Rafael F. Vianna proferiu uma palestra para os funcionários da Sanepar.
O evento foi organizado pela CIPA (Comisssão Interna de Prevenção de Acidentes) e contou com a presença de mais de 50 empregados da Sede Administrativa (Rua Engenheiros Rebouças, 1376, Curitiba-PR) da Companhia de Saneamento do Paraná.
Clique na imagem para ampliar.


sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Cultura de Paz para 2012: "Hoje, as pessoas confundem bondade com fraqueza"

Não podemos mais adiar, não podemos mais esperar, não podemos apenas ter esperança. É preciso impaciência para mudarmos o mundo (como alguém me falou esta semana).
Que neste ano de 2012 iniciemos uma transformação na nossa forma de pensar o mundo, de enxergá-lo, de nos relacionarmos com as pessoas. Vamos iniciar a construção de uma cultura de paz, como tantas vezes já falei.
Uma reportagem na Gazeta do Povo tenta nos mostrar a importância de uma cultura de paz para a segurança pública e para a existência de cada um de nós.
Não é por fraqueza ou medo que escolho o bem, nem por incapacidade para o mal que escolho o perdão. Escolho a bondade por acreditar que é a única forma de sobrevivermos como sociedade.
Recomendo a leitura da reportagem "Cultura da Paz é o remédio", da qual participo com algumas ideias:
Cultura da paz é o remédio
18/12/2011 por Diego Ribeiro
Especialistas afirmam que fortalecimento da amizade entre vizinhos faz diferença quando o assunto é segurança pública
“Dizer bom dia a alguém é um sinal de que você reconhece e respeita a existência daquela pessoa”. Essa frase, da estudante de Pedagogia Fabiane Moreira da Silva, 18 anos, simboliza uma conscientização fundamental para reverter o quadro preocupante de medo e de violência no país. Mesmo tão jovem, ela sabe e entende a importância de estreitar as amizades e multiplicar o conceito de cultura de paz. Consciência essa que quase metade dos paranaenses ainda não tem.
Segundo levantamento da Paraná Pesquisas (veja o infográfico abaixo), 86,64% dos paranaenses conhecem seus vizinhos, mas o relacionamento é superficial em quase metade dos casos: 49,44% dos entrevistados relataram que costumam encontrar os vizinhos só quando estão saindo de casa e 6,18%, só em situações inesperadas, como no caso de um assalto. Por outro lado, 51,69% dizem que costumam visitar a vizinhança.
Autor do livro Diálogos Sobre Segurança, o delegado da Polícia Civil do Paraná Rafael Vianna é um firme defensor do fortalecimento das amizades entre vizinhos. Para ele, essa relação forte e próxima pode fazer a diferença quando o assunto é segurança pública. Mas, antes de fortalecer a amizade com a pessoa que mora na mesma rua, segundo o policial, é importante cultivar os mesmos valores dentro de casa. “Essas relações começam com a família. Não se pode ter medo de cultivar a gentileza dentro de casa. Depois, sim, pode partir para as pessoas que estão ao seu redor”, opina.
Ele lembra que a maioria dos pequenos delitos – que algumas vezes se transformam em tragédias – pode ser evitada com bons relacionamentos entre vizinhos. Segundo o delegado, muitas discussões entre vizinhos acabam nas delegacias. “É preciso compreender e se colocar no lugar do outro. O nosso maior problema é que sempre encaramos qualquer discussão como um ato de guerra. Não existem vencedores em uma briga ou um homicídio”, ressalta.
Sobre o grande número de paranaenses que mantém um relacionamento superficial com os vizinhos, o delegado explica. “É medo de começar, de ser gentil. Hoje, as pessoas confundem bondade com fraqueza”, explica. De acordo com o delegado, o segredo é valorizar os gestos de bondade, assim com Fabiane faz. “Enquanto a bondade for motivo de vergonha, dificilmente teremos solução na segurança pública”, enfatiza.
Cultura da paz
Na avaliação da diretora do Instituto Sou da Paz, Luciana Guimarães, gestos de gentileza e boa vizinhança fazem parte da cultura da paz, que precisa cada vez mais ser valorizada. “Isso tem a ver com a forma com que convivemos com as pessoas. É algo muito mais proativo”, explica. Segundo ela, a maioria dos conflitos do dia a dia é de convivência. “Não significa ser contra os conflitos, porque sempre vão existir. O que não é saudável é resolvê-los de maneira violenta”.
Para Luciana, conviver bem com o outro cria um ambiente desfavorável para o conflito. “Apostar no diálogo é ter uma forma diferente de resolver os problemas. É lidar com tudo de um jeito pacífico.”
Segundo Luciana, a vizinhança é uma instância muito importante, mas não pode parar por ai. “Começamos com os vizinhos e espalhamos essa cultura para outras relações”, comenta. Ela defende que a cultura de paz seja transversal e atinja toda sociedade. “Se a gente conseguir incorporar essa cultura, talvez revertamos esse quadro de violência e individualismo”, destaca.
Exemplo
Sociedade em construção
As duas mulheres têm o sobrenome Silva e são moradoras de São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba. Mas elas têm mais em comum do que o sobrenome. Rudnéia da Silva, 34 anos, e Fabiane Moreira da Silva, 18, trabalham diariamente para construir uma sociedade de paz.
Fabiane, moradora do Jardim Primavera, sabe bem da importância de ajudar as pessoas. No projeto Arte da Paz, do Instituto de Defesa dos Direitos Humanos (Iddeha), do qual participou quando tinha 13 anos, muitos jovens resgataram a vontade de viver e de trilhar um caminho melhor por meio do hip hop, do grafite e de oficinas sobre cidadania.
Hoje Fabiane integra outro projeto, o Central de Jovem, também do Iddeha. O grupo usa um blog para transmitir mensagens de paz. “São os pequenos gestos que podem influenciar as pessoas”, explica. A estudante de Pedagogia também vai às escolas com o grupo e oferta oficinas sobre violência. “Os jovens são os mais atingidos pela violência. Então, é a gente quem tem de fazer algo.”
Já Rudnéia, moradora do bairro Jardim Santa Tereza, faz parte do projeto Mulheres da Paz, que chegou a São José dos Pinhais com apoio do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci).
“A gente, como mulher da paz, pode ajudar muitas pessoas”, diz. Junto com outras 50 mulheres, ela resgata jovens com fragilidades sociais. “Procuramos saber quais os problemas deles, conversamos e depois encaminhamos para redes de proteção”, relata.
Rudnéia entrou para o projeto porque não suportava mais ouvir sobre tantos jovens morrendo por causa de envolvimento com drogas. “Quero tentar melhorar a comunidade. As pessoas acham que não têm dever com a comunidade. Falta muita solidariedade”, opina.
Ela e as outras Mulheres da Paz apresentaram uma peça de teatro sobre violência, na quinta-feira à noite, no Parque da Fonte, em São José dos Pinhais. Foi por meio da arte, de oficinas, de palestras sobre direitos humanos e cidadania que elas encontraram uma forma de fortalecer o laço da comunidade para criar uma rede de amizade forte e reverter o quadro da violência na região. “É se conhecendo que fortalecemos a comunidade.”


http://www.gazetadopovo.com.br/pazsemvozemedo/conteudo.phtml?tl=1&id=1204490&tit=Cultura-da-paz-e-o-remedio

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Juramento do Policial Mirim: estigmatização positiva

No dia 17/12/2011, durante o Projeto Sábado na Praça, do Programa Ciranda de Pais, uma equipe de policiais civis, amigos e pessoas de boa vontade, passaram a tarde brincando e orientando as crianças do bairro Maria Antonieta, em Pinhais.
Com um olhar muito especial e próprio sobre as necessidades das crianças, um amigo de nome Paulo inventou o juramento do policial mirim. As crianças prometiam ser sempre do bem/boazinhas, ao que se seguia um "Eu acredito em você. Eu tenho certeza que você será sempre uma pessoa do bem".
Os pequenos olhos brilhavam e um adesivo do Nucria (Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente da Polícia Civil do Paraná) era colado no peito da criança, que se tornava um policial mirim comprometido em fazer o bem. 
As crianças ainda ganharam gibis e jogos que ensinam como se proteger, como denunciar abusos e quais são seus direitos.
É isso que falo em meu livro sobre estigmatização positiva. Sim! Nós acreditamos em nossas crianças e temos certeza de que elas serão pessoas do bem. 
Vamos trabalhar para isso sempre. Obrigado pela ideia e pelas lições, Paulo! Obrigado a todos que lá estiveram: Bueno, Carvalho, Angelo, Tielo e Peninha! Cada um foi muito importante, ainda que todos foram ainda mais.
Obrigado ao Sicride e ao Nucria que colaboraram com os materiais educativos.
Como já falei em outra oportunidade, o trabalho do Projeto não consiste meramente em ações assistencialistas, mas, ao contrário, preocupa-se na formação e na libertação das pessoas. Melhorar o modo de vida, a compreensão do mundo e possibilitar o caminhar com as próprias pernas.
Uma notícia da ação foi divulgada no site da Polícia Civil:
22/12/2011
Assessoria Civil promove ações de orientação a crianças em evento de Pinhais
Orientações sobre a segurança de crianças foram repassadas a famílias do município de Pinhais, no último sábado (17), por policiais civis e representantes da Assessoria Civil da Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp). Além das dicas de segurança, as equipes distribuíram materiais educativos numa ação desenvolvida durante o programa Sábado na Praça de Natal – evento promovido pelo projeto Ciranda de Pais.
Segundo a Sesp, aproximadamente 600 crianças participaram do evento, que aconteceu na Praça Maia Antonieta. Na ocasião, também foram distribuídos para crianças carentes os 800 livros arrecadados pela Campanha do Livro Infantil. Houve também a distribuição de brinquedos, em uma ação alusiva ao Natal. Dentre os materiais educativos sobre segurança, foram distribuídos o Gibi da Turminha da Segurança, do Serviço de Investigação de Crianças Desaparecidas (Sicride), e os jogos educativos do Núcleo de Proteção a Criança e ao Adolescente Vítimas de Crimes (Nucria).
De acordo com o delegado Rafael Vianna, da Assessoria Civil da Sesp, a ação busca orientar os pais quanto ao planejamento familiar. Para isso, são desenvolvidas ações ligadas ao entretenimento, com brincadeiras, com o objetivo de atrair as famílias. “Esse tipo de trabalho é importante porque permite que as pessoas possam se aproximar da Polícia Civil e, com isso, a segurança pública sai ganhando”, afirma.
Vianna conta que a participação da Polícia Civil em eventos de caráter social ajudam a fomentar uma imagem de polícia cidadã junto à sociedade paranaense. “Algumas crianças, que até poderiam demonstrar algum receio da polícia, saíram de lá dizendo que queriam ser policiais”, diz.
O Projeto Ciranda de Pais, desenvolvido pela professora Cristiane Arns de Oliveira, tem como objetivo promover e enriquecer as relações entre escola e família para prevenir o fracasso social e escolar dos alunos. A ideia é criar, em âmbito familiar e escolar, estratégias de prevenção aos problemas relacionados à violência, drogas e delinquência.

sábado, 17 de dezembro de 2011

Rafael Vianna no Programa Cidadania da TV Sinal

O Delegado Rafael F. Vianna foi entrevistado por Tatiana Escosteguy, no programa Cidadania da TV Sinal da Assembleia Legislativa do Paraná.
Foram discutidos os fatores que contribuem para a criminalidade, a prevenção situacional do crime, como não ser abordado por delinquentes, o elemento surpresa nas ações criminosas e como se comportar se você for vítima.
Além disso, também foram abordados outros temas tratados no livro "Diálogos sobre segurança pública: o fim do estado civilizado", como as possíveis soluções para a segurança pública, as estatísticas criminais e a relação processual entre drogas e crimes.
"A segurança pública é uma colcha de retalhos. Escutamos falar sobre a importância das famílias se reunirem, as pessoas conversarem e como a polícia comunitária pode contribuir. Aí pensamos que resolvemos os problemas da criminalidade apenas com isso. Não se resolve criminalidade apenas com educação. É importante, mas somente a primeira grande área. Apenas com isso o discurso não está completo. Precisamos entender as três grandes áreas da segurança pública e atuar em todas" - Rafael F. Vianna  
O programa é dividido em dois (02) blocos, está disponível no youtube e pode ser acessado clicando sobre o título da postagem ou pelos links http://www.youtube.com/watch?v=J6y9pU0DSUI 
(Bloco 1)

domingo, 11 de dezembro de 2011

Dicas de fim de ano: Delegado Rafael F. Vianna na RPC e na Gazeta do Povo

O Delegado Rafael F. Vianna deu orientações sobre segurança pessoal para evitar alguns crimes neste final de ano.
Você pode assistir a entrevista no Jornal Bom Dia Paraná, da RPC/Globo, acessando o link http://g1.globo.com/videos/parana/bom-dia-pr/t/edicoes/v/primeira-parcela-do-13-salario-vai-ser-paga-nesta-quarta-feira/1712441/
Rafael Vianna também deu algumas dicas para o Jornal Gazeta do Povo, o qual publicou a seguinte reportagem:
Medidas preventivas deixam o fim de ano mais seguro
Especialistas em segurança sugerem alguns cuidados que desmotivam e dificultam a ação dos criminosos
08/12/2011
Por Diego Ribeiro
Pedir para um amigo ou parente de confiança recolher suas correspondências enquanto você viaja para as festas de fim de ano pode fa­­zer a diferença quando o assunto é segurança. Caixa de correspondência cheia de cartas é um dos in­­dícios de casa desocupada, um con­­vite aos criminosos de plantão nes­­ta época do ano. Essa é uma das re­­comendações de dois especialistas em segurança ouvidos pela Ga­­zeta do Povo, que dão uma série de di­­cas para que população tenha uma passagem de ano mais segura.
Os conselhos incluem iniciativas (veja as ilustrações) para manter a residência mais segura, ir às compras de forma menos vulnerável e usar o serviço bancário sem riscos. A Polícia Militar (PM) ainda está planejando as operações ostensivas de fim de ano e deve anunciar o início das ações em breve. Apesar disso, a PM informa que já tem aumentado o policiamento em áreas de muita aglomeração no estado. Tradicionalmente, a polícia reforça as patrulhas nesta época. Mesmo assim, a prevenção pessoal, de acordo com os policiais, é fundamental para não facilitar as ações dos criminosos.
De acordo com o comandante-geral da Polícia Militar do Paraná, coronel Roberson Bondaruk, e o delegado da Polícia Civil Rafael Vianna, não há um levantamento preciso sobre o aumento ou não da criminalidade no fim de ano. No entanto, os dois concordam que há uma tendência de crescimento de furtos e arrombamentos, delitos que ocorrem, muitas vezes, em razão do descuido das vítimas. “Uma das principais questões é que as pessoas devem se conscientizar de que estão vulneráveis”, afirma o coronel. Por isso, a atenção é base de todos os conselhos policiais sobre segurança.
Segundo Vianna, o elemento-surpresa é sempre usado pelos bandidos, mas e a atenção da população pode diminuir essa vantagem.
A principal dica do delegado sobre segurança em casa durante as festas relaciona-se ao conceito de “vizinhança segura”. “Conhecer seus vizinhos e fazer amizades pode ser uma solução. Um vizinho ajuda o outro a monitorar as casas”, explica.
De acordo com o delegado, aumentando a dificuldade para a ação do criminoso cai a motivação para se cometer o crime. “Pesquisas criminológicas mostram que a maioria dos criminosos é de oportunidade”, relata. Para ele, quanto mais obstáculos forem criados, mais desmotivados os criminosos vão ficar para cometer o delito.
Outro conselho importante, que envolve também pessoas de confiança, refere-se às luzes e correspondências. É importante sempre dar sinais de que a casa esteja ocupada, mesmo quando o morador estiver em viagem. Uma das soluções é combinar com parentes ou vizinhos para que acendam e apaguem as luzes da casa. “São indícios de que as residências não estão vazias”, diz o delegado.

sábado, 3 de dezembro de 2011

IDEIAS PARA UM MUNDO MELHOR: SITE PATROOL

Iniciei há alguns artigos um novo projeto em meu blog: conhecer pessoas, ideias e projetos que podem ajudar o mundo a ser um lugar melhor.
Ao invés de apenas enxergarmos as desgraças do mundo e da segurança pública, podemos encontrar pessoas e ideias que propõem mudanças para transformarmos nossa sociedade.
No artigo anterior falei da primeira grande área da segurança pública e do Projeto Ciranda de Pais, passando a buscar, desde então, alguma ideia inovadora para a segunda grande área, que tanto falei em minhas entrevistas, em meus artigos e em meu livro.
Esta segunda grande área da segurança pública - além da atuação policial - trata da prevenção situacional do crime, do endurecimento dos alvos, da diminuição das chances de nos tornarmos vítimas, do aumento do custo (das dificuldades) para se delinquir e da participação efetiva de cada um de nós em nossa própria segurança. Todos podemos colaborar! O problema é que, na maioria das vezes, não sabemos como. 
É pensando nisso que dois jovens curitibanos (Carlos Humberto e Gustavo Hana) estão desenvolvendo um site (http://www.patrool.com.br/) onde todos podem informar problemas de seu cotidiano, relatar lugares perigosos, acidentes, pontos de alagamento e ao mesmo tempo propor soluções.
A proposta é clara e interessante: temos que parar de apenas esperar. Temos que nos unir para também fazer a segurança pública e melhorar o mundo. O site é uma ferramenta que possibilita isso, além de aproximar o cidadão do poder público, que poderá participar do site ativamente.
O  projeto realmente pode ter um impacto significativo na segunda grande área da segurança pública (prevenção situacional do delito), pois todos poderão informar locais depredados, sem iluminação, onde ocorreu um acidente e onde um crime está ocorrendo. Observe-se, que não é um simples mapa do crime como já existe em outros sites, mas sim um meio de comunicação entre as pessoas quase que instantâneo. Você poderá receber avisos em seu celular, computador ou tablet sobre qualquer anormalidade na sua rua, no seu bairro ou no colégio onde seus filhos estudam.
O site ainda não está em atividade, mas o projeto concorre no SIEMENS STUDENT BRAZIL 2011, um concurso que busca premiar soluções inovadoras e sustentáveis para as questões mais complexas da atualidade.
Peço que votem na ideia através do site http://www.studentaward-brazil.com/idea.php?id=70, pois o projeto destes jovens curitibanos pode contribuir significativamente para a nossa segurança pública.
Para votar é necessário um cadastro rápido, mas não leva mais do que 30 segundos.
Continuo buscando pessoas e ideias que fazem a diferença para um mundo melhor. Tentarei encontrar algo relacionado com a terceira grande área da segurança pública. 

sábado, 12 de novembro de 2011

Entrevista para Revista Malu: "Enquanto a bondade for motivo de vergonha, não há muita esperança para a nossa segurança"

Entrevista completa que o Delegado Rafael F. Vianna concedeu à Revista Malu, publicada em partes na edição nº 488, ano 13, em 03/11/2011.

1) O que um cidadão precisa saber sobre crimes para se prevenir?

É importante entendermos que existe uma ciência que estuda o crime, o delinqüente, a vítima e o controle social da criminalidade. Esta ciência é a criminologia e ela realiza estudos empíricos que nos ajudam a entender o fenômeno criminal, tanto em um aspecto individual, para nos protegermos, quanto em um aspecto mais amplo, para pensarmos a segurança pública e a sociedade em que vivemos. Portanto, segurança pública não é intuição e boa vontade tão somente. A partir disto, podemos buscar diversas escolas, teorias e estudiosos que pesquisaram sobre o crime, sobre o porquê de eles ocorrerem e quais medidas podemos adotar para nos prevenir.
Antes de falarmos de medidas mais concretas, precisamos ainda entender que não podemos nos iludir que um dia vamos acabar com a criminalidade, mas ela pode estar sob controle, em níveis aceitáveis, o que não ocorre hoje. Da mesma forma, precisamos conseguir entender o fenômeno criminal e a complexidade da segurança pública, para não pensarmos que tudo o que é feito é inútil e que nada funciona.
A segurança pública compreende três grandes áreas, sendo elas: a primeira, a das questões fundamentais, estruturantes, que dizem respeito ao por que de alguém cometer um crime, usar drogas, ser violento. Estas questões são existenciais, mais filosóficas, mas temos que abordá-las se queremos realmente solucionar o problema da segurança pública. A segunda grande área trata da prevenção situacional, com atuação policial e diminuição das vulnerabilidades da vítima. É neste ponto que todos nós podemos auxiliar a segurança pública, com pequenas mudanças de comportamentos. Por fim, a terceira grande área trata das questões depois que um crime ocorreu, como a efetividade e a celeridade da punição e o melhor modelo para nosso sistema penitenciário.

2) Como se proteger de ladrões enquanto se está: - caminhando na rua, no carro (parado no semáforo ou chegando ao veículo estacionado), entrando em casa pela garagem ou pelo portão; saindo de bancos ou caixas eletrônicos, em outras situações menos corriqueiras (por exemplo, na praia ou em alguma loja)?

Existe uma área da criminologia, chamada criminologia ambiental, que estuda a prevenção situacional do crime, ou seja, como diminuir as vulnerabilidades de uma vítima em potencial e como retirar as condições propícias para que o crime ocorra. Esta teoria propõe como estratégia o endurecimento dos alvos e parte um pouco da compreensão de que a oportunidade faz o ladrão. É evidente que esta corrente criminológica não trata do fenômeno criminal de uma forma ampla e completa, pois, como visto anteriormente, atua tão somente na segunda grande área da segurança pública.
De qualquer forma, ela pode ser muito útil para que algumas mudanças de comportamentos sejam implementadas e as chances do crime ocorrer diminuam. Existindo muitas oportunidades para delinqüir, mesmo pessoas comuns acabam delinqüindo, enquanto criminosos motivados delinqüem muito mais. Assim, tornando-se um alvo mais difícil, mais duro, dificultando a atuação do criminoso, a tendência é que ele busque outro alvo mais fácil ou mesmo deixe de cometer o crime, pois quanto maior o custo e as dificuldades para delinqüir, menor será o interesse em se cometer o crime.
Ressalto mais uma vez que esta teoria não analisa os mais diversos aspectos da criminalidade, não podendo ser vista como uma solução para a segurança, principalmente porque ela não atua sobre a causa da criminalidade. No entanto, ela pode trazer algumas dicas e constatações muito úteis para nos protegermos.
No livro trago diversas dicas de como diminuir as vulnerabilidades e facilidades para a ocorrência criminosa, alertando o leitor que o objetivo não é ser alarmista ou fazer com que as pessoas vivam com medo, mas contribuir para a qualidade de vida de em nossa sociedade. Algumas dicas simples aproximam as pessoas e despertam a solidariedade.
De qualquer forma, a mais importante orientação para qualquer situação é estar atento, pois a principal vantagem do criminoso e o que faz ele abordar uma pessoa é o elemento surpresa. Quando o criminoso perde o elemento surpresa, com a simples constatação que você o viu, esta prestando atenção nas pessoas que estão por perto, está atento aos seus pertences, a tendência é que ele desista da atuação ou abordagem.
Por isso é importante não entrar distraído no carro, não ficar falando ao celular, não sair do banco contando dinheiro ou mexendo na bolsa, não ficar parado no sinaleiro com o vidro aberto e pensando na vida. O importante é estar ligado, se antecipar à abordagem criminosa, mudar de lado na rua quando achar que alguém esta lhe seguindo ou irá lhe abordar, ir para um local movimentado, olhar para as pessoas e demonstrar que você as percebeu, pois isto demonstra que você não será surpreendido, o que desestimula a abordagem. Depois que você foi abordado só se pode pensar em diminuir os danos, não existe mais reação possível.

3) Se uma dessas situações ocorrer, como a pessoa deve agir para evitar danos?

Em primeiro lugar é preciso aceitar que não existe reação possível diante de uma arma de fogo. Como falo no livro, mesmo casos raros de sucesso de algumas reações contam com grande parcela de sorte. Depois que a prevenção falhou deve-se pensar em minimizar os danos e isto inclui diminuir o tempo de permanência com o delinqüente. Neste momento o elemento surpresa está a favor do criminoso e você enfrentará sensações muito desagradáveis que dificultarão o seu raciocínio. Assim, é importante se concentrar na situação, respirar lenta e profundamente, colocar a língua no céu da boca e sentir a planta dos pés. Estas são algumas medidas que estudos sobre o controle do medo nos indicam para auxiliar nos efeitos da aceleração dos batimentos cardíacos e nos tremores que tomam conta do corpo. Estas atitudes farão com que você não tome nenhuma atitude desesperada, provocando alguma reação violenta do criminoso. Infelizmente, o que nos resta nesta situação é obedecer ao criminoso, não fazer movimentos bruscos e inesperados e diminuir o tempo de permanência com ele, o que ajuda futuramente na superação do trauma. É óbvio que estas dicas não são um manual de como se comportar em um crime, pois não podemos prever a mente de um criminoso e não gostaríamos que crimes ocorressem com tanta freqüência, mas nos antecipando a algumas situações e sabendo como nos comportar, podemos evitar danos mais graves. Mesmo em situações de normalidade social, em que a criminalidade esteja sob controle, crimes ocorrem e podemos um dia ser vítimas.

4) Que atitudes pode-se tomar para tornar uma casa mais segura?

Incentivo as pessoas a conhecerem seus vizinhos, conversarem sobre a rua, o bairro, as vulnerabilidade existentes. A aproximação entre vizinhos contribui para que todos se conheçam e percebam rapidamente qualquer anormalidade, acionando a polícia. Para evitar furtos, quando não existe violência, é importante que não exista qualquer apoio que possa auxiliar o delinqüente a ultrapassar o muro da sua residência, como lixeiras, escadas no quintal e buracos no próprio muro que podem servir de apoio. Pequenos detalhes podem fazer diferença. Não deixar objetos de valor à vista na garagem ou no quintal, colocar fechaduras extras, sistemas de alarme, também podem diminuir a incidência dos delitos de ocasião.
O assunto é diferente quando tratamos de quadrilhas especializadas em roubos de residência e apartamentos ou condomínios. Nestes casos, geralmente a quadrilha entra pela porta da frente, rendendo algum morador ou o porteiro. Assim, é importante que sempre que você estiver chegando em casa observe qualquer pessoa parada próxima ao portão ou situação anormal, antecipando-se a abordagem. Treinar porteiros para que não abram o portão para estranhos sem identificá-los antes, cadastrar funcionários que freqüentam o condomínio, blindar vidros de guaritas e da portaria de prédios, instalar câmeras de monitoramento e alarmes de pânico, para avisar a todos os moradores que não saiam de suas casas ou não cheguem ao condomínio, também podem contribuir para evitar este tipo de roubo.

5) Quais são os tipos de golpes mais comuns e como não cair neles?

Os golpes são diversos e os estelionatários têm uma capacidade quase infinita de criar novas situações e histórias para iludir as pessoas. No livro trago os golpes mais comuns e seus curiosos nomes, mas a principal forma de não ser uma vítima é aceitar que não existe uma forma milagrosa de ganhar dinheiro. Não há “negócio da china”, nem vantagem que só você irá ver. Os golpes geralmente iludem as pessoas e fazem com que a ganância ou a esperança de lucrar de forma rápida as transforme em vítimas.

6) Como conversar sobre violência com filhos pequenos, sem deixá-los assustados demais, mas também não os deixar à margem dessa questão? Como orientá-los para que consigam se proteger? E como abordar o assunto com filhos adolescentes, que acabam ficando mais expostos quando saem à noite em grupo e têm contato com álcool e drogas? Que situações as pessoas devem evitar ao máximo para se protegerem da violência?

Esta questão de conversas familiares sobre segurança enquadra-se principalmente na primeira grande área da segurança pública, pois devemos tratar de questões existenciais com nossos filhos para protegê-los da criminalidade, seja como vítimas ou autores de crimes.
A aproximação das famílias, dos pais com os filhos, é essencial para que se busque dar sentido à vida, ao existir neste mundo. Muitos adolescentes não vêem razão na vida, não sabem o que somos e o que devemos ou queremos ser, pensando que estão à deriva num oceano infinito. Estas são as questões de fundo, que se localizam na primeira grande área. Se nossos filhos não descobrirem sentido na vida, usar drogas e cometer crimes serão atitudes normais. Se a vida não tem um sentido último e o bem não vence no final, não há nada de anormal em se utilizar drogas e se delinqüir. Os valores que queremos como sociedade devem ser discutidos em casa, pois neste caso o Estado e a polícia pouco podem fazer. Cabe aos pais esta aproximação e esta discussão. Incentivo a todos que utilizem meu livro para iniciar a conversar e quebrar o gelo com os filhos, o que é muito difícil quando nunca se conversou sobre questões mais filosóficas. Mas digam que leram em um livro, em uma entrevista e iniciem as conversas.
Saber o que seu filho pensa sobre a vida, o que ele espera construir, quais são seus sonhos e quem são seus amigos, são formas de se contribuir para a segurança, tanto do seu filho como a de todos. Saber onde seu filho anda, com quais pessoas e o que irá fazer, contribuirá para que eles evitem as drogas, as más companhias ou uma gravidez precoce. Com o tempo os valores de solidariedade se fortalecerão e talvez uma nova sociedade comece a surgir. Enquanto as famílias estiverem afastadas, as pessoas não pensarem sobre a razão última das coisas e do mundo e a bondade for motivo de vergonha, não há muita esperança para a nossa segurança.