domingo, 3 de novembro de 2013

HÁ TANTAS COISAS QUE EU NÃO SEI


Há muitos problemas no mundo que não sabemos como resolver. Alguns sequer chegamos perto de ter ideia de como solucionar. A sociedade é um experimento engraçado de enigmas insolúveis.

Alguns exemplos? Vamos a eles. Qual a melhor maneira de cobrar impostos? Qual a melhor forma de lidarmos com as drogas? Como podemos propiciar a felicidade à maioria dos nossos? Como podemos diminuir os crimes? Qual o melhor modelo político? E em relação à família, como fazer com que seus membros diminuam os conflitos e alcancem maior harmonia?

Existem tantas coisas que eu não sei na vida… Uma ignorância retumbante sobre os principais aspectos da alma, da vida em sociedade e da organização de ambas. Como podemos imaginar que podemos resolver alguma coisa se agimos tanto em tentativa, acerto e erro? Como podemos não saber isso?

Para a segurança pública o óbvio é ululante: condenada a ser a resposta para todos os problemas que não sabemos como solucionar ou que, devido a sua complexidade, não queremos perder tempo pensando. Afinal de contas, a vida é curta demais para perdermos tempo com uma solução de problemas tão complexos, que demorarão tanto tempo para serem resolvidos, que não conseguiremos aproveitar nesta existência. Drogas, recolhimento de impostos, proteção de direitos autorais, convivência familiar, relacionamentos humanos, desejo de violência animal… Tudo complexo demais para ser pensado. Cria-se um crime para a ilusão de uma reposta mais rápida e fácil.

Não queremos pensar sobre drogas, sua utilização, sua necessidade, o prazer que propicia, os problemas que pode causar, a ausência de sentido do cotidiano, a necessidade de fugas eventuais. Então, criamos um crime e a proibimos como um demônio intocável.

Cobrança de impostos? Justo, injusto, necessário, em que medida? Quanto se gasta para cobrar? Quanto se perde com a complexidade burocrática e com a fiscalização policialesca? Tudo já está pronto, sendo construído sem qualquer ideia geral há milhares de anos, aos poucos, sempre com ideias momentâneas e pontuais. Melhor criar um crime para quem sonegá-lo e pronto. Não precisamos pensar sobre isso.

E sobre nós, nossa maldade, nossos anseios e nossas ausências? Não sabemos como lidar com nossa própria natureza. Então, criamos um crime e deixamos a solução para a polícia. Estamos salvos, pois não precisamos pensar em nada complexo e difícil. Não precisamos lembrar de tudo que não sabemos. Temos a polícia para resolver. Vamos cobrá-la.

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