Deixei
o Brasil. E por isso neste mês escrevi menos aqui. Deixei o
Brasil para fazer meu doutorado na Faculdade de Direito da Universidade de
Lisboa, em Portugal, lugar onde iniciei minhas pesquisas em Direito Penal,
Criminologia e Políticas Criminais. Tenho bons mestres aqui.
O
doutorado é bem diferente do mestrado: mais corrido, mais puxado, com mais
aulas, mais leituras, mais seminários e apresentações. Os dias passam. Um
internato de universidade, biblioteca e computador para escrever relatórios,
resenhas e artigos. E os dias passam.
Minha
rotina diária não é propriamente um sonho de consumo: 06 horas de leitura, mais
03 a 04 horas de aulas, mais 03 horas de escrita. Neste doutorado estou
descobrindo como sou um pouco burro e muito ignorante. Tem pessoas muito especializadas
em determinadas áreas do saber, que conseguem ler muito, saber quase tudo,
acompanhar todas as publicações científicas sobre certo assunto.
Nunca
achei que ia ser tão difícil deixar o Brasil, deixar Curitiba, me afastar do
trabalho, se é que posso chamar ser polícia de trabalho. Adoro ser polícia,
investigar, interrogar, ajudar, conhecer as pessoas e seus dramas. Aquilo é meu
hobby, meu dom, meu passatempo, minha escola de vida.
Nunca
achei que iria sentir tanta falta das pessoas do meu dia a dia, da minha
rotina, das minhas missões. Fui tanto o Delegado Rafael Vianna, durante tanto
tempo, que hoje não me reconheço mais longe da polícia, sem uma arma na cinta e
uma carteira na mão.
Ainda
assim, apesar de todas as dificuldades de adaptação, estudar é preciso e
continuarei. É bom um tempo de afastamento, para não me embrutecer demais, um
tempo para a reflexão, de ausência de poder, de meditação solitária com os
livros, um tempo para ponderar mais do que agir.
No
entanto, não achei que ia sentir tanto, que iria deixar tantas coisas, perder tantas oportunidades. Tomara que meus estudos possam servir
para alguma coisa, para ajudar as pessoas, para melhorar a segurança pública no
futuro, para me tornar uma pessoa melhor, mais compreensível com as fraquezas e
dilemas humanos. Que um dia eu possa pagar a dívida que tenho com a sociedade e
com Deus. Ele está sempre a me dar mais uma chance.
Caro amigo tudo o que aprendemos nessa vida é valido, aproveite este momento de grande reflexão, com certeza esse aprendizado irá contribuir nas suas atividades quando retornar ao Brasil.
ResponderExcluirAbraço
Bons estudos Dr!
ResponderExcluirSem uma arma na cinta e uma carteira na mão.... talvez seja isso que esteja faltando para o pensar verdadeiro em segurança publica no Brasil.
ResponderExcluirAbraço;