Esta
semana acho que descobri por que continuo escrevendo. Escrevo para me expor,
para conversar comigo mesmo, para clarificar as ideias, escrevo para escrever.
Li
duas frases que me fizeram refletir sobre o motivo de escrever, bem como
enfrentei situações que me confrontaram a fé em uma mudança próxima com a
ilusão em correr atrás do vento quando se pensa em pessoas, convivência,
sociedade e segurança pública.
Clarice
Lispector afirmava que não existe uma razão para continuar escrevendo. Apenas
se escreve. Não há um motivo para isso. Escrever é apenas para escrever, para
espelhar a alma. Já em um e-mail, de autor desconhecido, li que nem tudo o que
enfrentamos pode ser mudado, mas que nada pode ser mudado até que seja
enfrentado.
Acho
que descobri um pouco mais do porquê me exponho, por que apresento minhas
ideias, ainda que não exista qualquer necessidade disso, ainda que as perdas
sejam maiores do que os ganhos. Escrevo como sinal de fé, escrevo para me
expor, escrevo para chocar.
Expor
ideias em um mundo em que as pessoas tem medo, choca! Em nosso mundo é um
assombro expor ideias, dúvidas, sentimentos e certezas, corretas ou
equivocadas. Esse é o motivo pelo qual escrevo. Assombrar as pessoas com a
coragem insana de me expor, de me mostrar, de arriscar.
Quando
vejo adolescentes, como vi ultimamente, agindo com a mais vergonhosa covardia
de se sentir especial ao humilhar professores e colegas de colégio, tenho
dúvida sobre a raça humana, sobre o sentido da vida, sobre a utilidade de falar
ou acreditar na paz. Às vezes realmente chego a duvidar se a paz é o melhor
caminho, se Deus realmente protege os justos, se um dia o bem vencerá, se o
caminho do certo é realmente o correto.
Acho
que me exponho para provar que é possível, para estimular - com uma esperança
pueril de ver algo melhorar, com uma infantil necessidade de comprometer-me com
um mundo que não acredito viável – pessoas a se exporem, a não continuarem na
letargia da vida diária que presenciamos, onde a maldade vence e é admirada,
onde os fracos covardes prevalecem, onde o mal é motivo de orgulho.
Parece-me
que qualquer pequena mudança exigirá a coragem da glória da exposição, do dizer
não, basta, chega, isso é errado. Temos que nos expor para impedir que o mal
prospere, ainda que seja mais fácil a omissão, o silêncio e o sopor de uma vida
calma e sem exposição.
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