Às
vezes me pergunto por que escrevo. Por que escrevi meus livros, por que
mantenho meu blog, por que escrevo esta coluna. Por que me exponho em um mundo
que duvido que possa ver mudar, para pessoas que tenho certeza que antes
criticarão, para leitores que imaginarão uma motivação vil que eu mesmo
desconheço?
Realmente
não sei por que escrevo, mas acho que tem a ver com algo inexplicável da alma,
com uma necessidade indizível de comprometer-me sem necessidade, com algo que
ainda está por vir, com a inexprimível vontade de ser útil e a vergonha
inefável de fracassar nesta existência.
Não
sei por que escrevo, mas tenho uma obrigação interior de mexer com um mundo que
não alcanço, de conversar com pessoas que não consigo atingir, de expressar uma
liberdade que não existe em espírito algum. Acho que escrever não tem a ver com
mudar o mundo, mas está longe de uma vaidade interior ou intelectual. Escrever
traz mais exposição do que glória, traz mais dissabores do que contatos,
arrebanha mais críticos do que admiradores. O que me faz continuar escrevendo?
E mais do que isso – ainda que tenha diminuído, diga-se de passagem, ao ponto
de quase parar –, o que me faz proferir palestras? Com quem eu converso em
minhas palestras? Quem pode me ouvir?
Por
que eu falo tanto se duvido de mim mesmo? Se minhas convicções são suaves,
parcas, sempre temporárias? Às vezes não entendo o porquê, mas quando vejo já
estou fazendo, aceitando, discutindo, me expondo. Será tão somente vaidade e
arrogância?
Talvez
seja apenas isso, mas por que não me satisfaço com o orgulho de tudo que já
tenho? Já me perguntei isso antes, mas agora é mais específico. Questiono a
exposição, o tempo que deixo passar escrevendo, as minhas ideias que trago ao
palco, quando bastaria não trazer. Subir ao palco com dúvidas não tem sentido,
expô-las menos ainda. Se fosse vaidade e orgulho, eu teria que me satisfazer,
sentir prazer, sentir-me superior. Mas resta a dúvida de perder os finais de
semana com algo que ainda não descobri o motivo, a razão ou a causa. Sei que me
exponho, apresentando um teatro de ideias que pouco me convencem.
Caro amigo, embora você algumas vezes não perceba, suas ideias, seus textos e suas palestras atingem o público, as vezes não de pronto, mas garanto que planta uma pequena semente, a qual mostra uma maneira de enxergar pequenos detalhes em coisas simples de nossas vidas, no nosso dia a dia. Não desista...
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