quinta-feira, 25 de abril de 2013

ALGUMA COISA TEM QUE FUNCIONAR

Do que serve apenas criticar, desconstruir, demonstrar que não funciona, que não vai dar certo ou que não é completa uma solução? Pode ser que sirva para ajudar na melhoria, para estimular os que "estão tentando fazer" a aprimorar suas ações; pode ser que sirva para um repensar e um corrigir de rumo. Mas, como regra, as críticas não servem para isso. Servem apenas para maquiar interesses obscuros, para atingir pessoas, para camuflar crimes não investigados, para alcançar mudanças que nada mudam.
Admiro pessoas que se expõem ao mundo, que se lançam em tentativas de fazer alguma coisa, de construir algo em sua existência, que testam suas visões de mundo, mesmo sem a certeza da vitória ou do caminho mais correto. Acho que prefiro as pessoas de ação, que pensam que o movimento é sempre um bem, aos que sentem mais prazer na crítica e no falar como forma de esconder a inação. Não que os críticos não sejam necessários e importantes, não que a crítica seja um mal em si, não que o desconstruir também não seja uma das minhas predileções. Mas luto contra aquilo que sou, porque só existe sentido em desconstruir verdades quando essas não são verdades, quando se pensa em algo para ocupar o vazio, quando há uma nova visão mais esperançosa para ocupar aquele lugar.
Sentar na plateia apenas para atirar pedras e falar que poderia ser melhor, sem saber como fazer ou sem se sentir parte da peça para melhorar, é esconder-se na penumbra dos que não conhecem nem vitória nem derrota, pois não arriscam nada em uma vida vazia de sentido.
Pois é nesse contexto que penso a segurança pública. Acho que ninguém sabe ao certo o que é melhor em relação às políticas criminais, acho que nunca teremos certeza, pois o laboratório e o objeto do conhecimento modificam-se a todo instante e são complexos demais. Nunca teremos certeza de um fator determinante para o crime, de quais fatores de risco contribuem mais, de como a mente humana decide e dirige a vontade, de como iremos utilizar a polícia e o direito penal amanhã. Sempre criaremos algo impensável, inimaginável, que só poderá ser constatado de forma retrospectiva, quando tudo já tiver sido alterado e a constatação já não servir para mais nada. De qualquer forma, isso não pode nos impedir de tentar, de pensar, de buscar, de discutir, pois alguma coisa deve funcionar. Aliás, alguma coisa tem que funcionar.
Por Rafael F. Vianna
Publicado no Jornal do Ônibus, no Jornal Correio Paranaense e no Jornal de Colombo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário