Do
que serve apenas criticar, desconstruir, demonstrar que não funciona, que não
vai dar certo ou que não é completa uma solução? Pode ser que sirva para
ajudar na melhoria, para estimular os que "estão tentando fazer" a aprimorar suas
ações; pode ser que sirva para um repensar e um corrigir de rumo. Mas, como
regra, as críticas não servem para isso. Servem apenas para maquiar interesses
obscuros, para atingir pessoas, para camuflar crimes não investigados, para
alcançar mudanças que nada mudam.
Admiro
pessoas que se expõem ao mundo, que se lançam em tentativas de fazer alguma
coisa, de construir algo em sua existência, que testam suas visões de mundo,
mesmo sem a certeza da vitória ou do caminho mais correto. Acho que prefiro as
pessoas de ação, que pensam que o movimento é sempre um bem, aos que sentem
mais prazer na crítica e no falar como forma de esconder a inação. Não que os
críticos não sejam necessários e importantes, não que a crítica seja um mal em
si, não que o desconstruir também não seja uma das minhas predileções. Mas luto
contra aquilo que sou, porque só existe sentido em desconstruir verdades quando
essas não são verdades, quando se pensa em algo para ocupar o vazio, quando há
uma nova visão mais esperançosa para ocupar aquele lugar.
Sentar
na plateia apenas para atirar pedras e falar que poderia ser melhor, sem saber
como fazer ou sem se sentir parte da peça para melhorar, é esconder-se na
penumbra dos que não conhecem nem vitória nem derrota, pois não arriscam nada
em uma vida vazia de sentido.
Pois
é nesse contexto que penso a segurança pública. Acho que ninguém sabe ao certo
o que é melhor em relação às políticas criminais, acho que nunca teremos
certeza, pois o laboratório e o objeto do conhecimento modificam-se a todo
instante e são complexos demais. Nunca teremos certeza de um fator determinante
para o crime, de quais fatores de risco contribuem mais, de como a mente humana
decide e dirige a vontade, de como iremos utilizar a polícia e o direito penal
amanhã. Sempre criaremos algo impensável, inimaginável, que só poderá ser
constatado de forma retrospectiva, quando tudo já tiver sido alterado e a
constatação já não servir para mais nada. De qualquer forma, isso não pode nos
impedir de tentar, de pensar, de buscar, de discutir, pois alguma coisa deve
funcionar. Aliás, alguma coisa tem que funcionar.
Por Rafael F. Vianna
Publicado no Jornal do Ônibus, no Jornal Correio Paranaense e no Jornal de Colombo.
Por Rafael F. Vianna
Publicado no Jornal do Ônibus, no Jornal Correio Paranaense e no Jornal de Colombo.
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