sábado, 28 de abril de 2012

Rafael Vianna é o novo colunista do Jornal do Ônibus e do Correio Paranaense

O Delegado Rafael Vianna passou a integrar, neste mês de abril, a equipe do Jornal do Ônibus e do Correio Paranaense, tornando-se articulista da coluna sobre segurança pública nos dois jornais.
A coluna será semanal, com publicação todas às terças-feiras, e discutirá temas como sociedade, segurança pública, filosofia e a melhor maneira de viver. 
O Jornal do Ônibus de Curitiba tem uma tiragem de 30.000 exemplares diários,  sendo distribuído no centro e nos principais bairros e terminais de ônibus da cidade.
O Correio Paranaense tem uma tiragem diária de 15.000 exemplares, com circulação de segunda-feira a sábado. 
Os artigos publicados na coluna também podem ser lidos pela internet, através do site http://www.jornaldoonibusdecuritiba.com.br/



1º Artigo - Vamos refletir sobre a nossa sociedade e nossa vida
Coluna de 03/04/2012

Prezados leitores:
A vida tem sentido? E viver em sociedade? Será que existe alguma razão para aceitarmos viver desta maneira? Será mesmo que a vida “é apenas do jeito que é”? Será que devemos tão somente esperar os dias passarem para um dia a morte chegar?
Talvez seja só isso mesmo: esperar os dias passarem. Mas talvez pudéssemos transformar este tempo em algo melhor, transformar os dias em momentos melhores. Existir quem sabe seja isso.
É para dividir estas dúvidas com vocês que começo a escrever esta coluna. Sou muitas coisas, Delegado de Polícia Civil, atualmente Assessor Civil da Secretaria de Estado da Segurança Pública do Paraná, sou professor do Cursinho para concursos públicos e OAB Ordem Mais, sou escritor e autor do livro “Diálogos sobre segurança pública: o fim do estado civilizado”, sou professor da Escola Superior de Polícia Civil, sou Mestre em Ciências Jurídico-Criminais pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, sou e sou.
Sou? E daí? Ainda não consigo encontrar satisfação e por isso volto a escrever. Não me conformo com o mundo e com a sociedade do jeito que são, com as injustiças, com a ignorância, com a falta de tudo que não sabemos. Não posso acreditar que as pessoas se acostumem com o caos em que vivemos, com a ausência de sentido, de saber, de compreender o existir. Desejo que este espaço seja um lugar para refletirmos e buscarmos dias melhores.
Tenho um blog (www.delegadorafaelvianna.blogspot.com) onde busco dividir com alguns amigos as minhas dúvidas, reflexões e realizações. Gostaria, a partir de agora, de dividir com todos vocês, com mais gente. Acho que é por isso que aceitei esta coluna.

2º Artigo - Pergunte a você mesmo
Coluna de 10/04/2012

Prezados Leitores:
A estréia desta coluna no Jornal do Ônibus foi apenas para apresentações. Não alcançou o que eu realmente buscava. Quero é causar dúvida, espanto, reflexão.
Vivemos no caos! Isso é fato! Ou, ao menos, estamos no caminho certo para alcançá-lo. É apenas sorte você não morrer, não ser vítima de um roubo, não ser enganado por alguém, não ter câncer ou não ser atingido por uma catástrofe natural.
E aí? O que fazemos, então? Mudamos o mundo! E não pense que é preciso uma grande pessoa ou uma grande revolução para isso. Você mesmo pode mudar o seu mundo, a sua segurança, a sua rua, o seu bairro, o seu ônibus, o seu trabalho, o seu jeito de ver as coisas.
Comece hoje a mudar a sua vida e o seu mundo. Como? Vamos começar a entender o nosso mundo, a nossa sociedade, os nossos hábitos, os nossos erros. Tenho várias idéias e tentarei dividi-las com todos aqui. Não se trata de auto-ajuda, mas de ver o sentido das coisas, entender a razão de existir, enxergar as diversas possibilidades do mundo. Começo com alguns questionamentos:
- Você sabe o que é sociedade?
- Por que vivemos assim?
- Para que serve o Estado e a polícia?
- Por que crimes ocorrem?
- Será que podemos acabar com eles?
- Como não ser vítima da violência?
- Como dar sentido a sua vida?
- Como se transformar em uma pessoa melhor?
- Como não aceitar o caos e tudo que parece errado?
- Como começar?
Vamos conversar sobre isso. Sobre tudo o que faço.



domingo, 22 de abril de 2012

Delegado Rafael Vianna profere palestra sobre gestão de riscos na AMCHAM

O Delegado Rafael Vianna participou de evento promovido pelo Comitê de Legislação da Câmara de Comércio Brasil-EUA (AMCHAM Curitiba), no qual proferiu uma palestra sobre como evitar fraudes corporativas.
Apresentando as principais estratégias de prevenção às fraudes e aos crimes na área empresarial, Vianna teve a oportunidade de trocar experiências e informações com diversos empresários e associados da Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos, bem como com especialistas na área de gestão de risco.
Notícias sobre a prevenção de fraudes corporativas podem ser encontradas no site da AMCHAM:

Fraudes corporativas geram prejuízos em 34% das empresas no mundo, aponta pesquisa
Fonte: Amcham Curitiba
Ao menos 34% das empresas no mundo já foram alvo de fraudes corporativas e, dessas, mais da metade teve problemas do tipo envolvendo os próprios funcionários. Dados da pesquisa Global Economic Crime Survey 2011 mostram que uma em cada dez companhias que revelaram ter sido vítimas de fraudes sofreu prejuízos de mais de US$ 5 milhões.
As informações foram apresentadas durante o comitê de Legislação da Amcham-Curitiba na última quarta-feira (29/02). Jerri Ribeiro, sócio da PricewaterhouseCoopers na área de consultoria de Gestão de Negócios para a Região Sul do Brasil, demonstrou que as fraudes no País vêm crescendo também – e se aproximando da média mundial.
Ele diz que 33% das companhias brasileiras sofreram com crimes econômicos no último ano. “O percentual aumentou bastante em relação a 2009 e se aproxima do resultado global de 34%”, afirma.
A pesquisa mostrou que 56% das organizações no mundo apontaram que os casos mais sérios de fraudes foram cometidos internamente. O estudo destacou que roubo de ativos, crimes eletrônicos, corrupção e fraudes contábeis como as formas mais comuns de crimes econômicos apontados pelas empresas.
Gestão de risco
Auditoria interna, participação dos gestores na análise de riscos, monitoramento de transações suspeitas e conhecimento dos steakholders (clientes, parceiros, fornecedores e staff) são algumas estratégias apontadas por especialistas para a prevenção dessas fraudes.
De acordo com o delegado de Polícia Civil do Estado do Paraná, Rafael Vianna, que também participou do evento, conhecer os colaboradores da empresa é um passo essencial na gestão de riscos.
“Estratégias como cadastros de funcionários são importantes para garantir a segurança corporativa”, indicou Vianna.
Ele também alertou para a necessidade do conhecimento por parte das empresas dos riscos e dos tipos mais comuns de fraudes corporativas. Para Vianna, se a organização encontra-se informada, tem maiores chances de identificar alguma tentativa de golpe.
A informação também é ferramenta importante na avaliação de Ribeiro, o qual reconhece que as empresas brasileiras ainda caminham lentamente em busca da prevenção e do monitoramento de seus riscos.
“No Brasil, as empresas estão começando a ter maior consciência dos riscos de fraudes apenas agora. Em especial, as companhias de médio porte acabam não investindo em segurança corporativa por falta de informação e não pelo investimento demandado.”
Para os dois especialistas, o envolvimento do Conselho de Administração e dos líderes da empresa no combate a fraudes, assim como o gerenciamento de setores estratégicos, como o financeiro e o de tecnologia da informação, são outras importantes medidas para a prevenção.
“As empresas precisam estar alertas para detectar fraudes”, diz Vianna. Para Ribeiro, “no Brasil, por exemplo, o crime digital é a segunda fraude mais comum. Ainda assim, 64% das companhias afirmaram não estar atentas aos sites de mídia social.”

domingo, 15 de abril de 2012

PAÍSES DISCUTEM REGULAMENTAÇÃO DAS DROGAS

Nas últimas semanas, diversas reportagens trataram da 6ª Cúpula das Américas, a qual ocorre este final de semana na Colômbia.
Neste encontro, chama a atenção a discussão sobre a descriminalização e regulamentação das drogas, tema já diversas vezes debatido neste espaço e em meu livro "Diálogos sobre segurança pública: o fim do estado civilizado".
Hoje, reuni quatro reportagens/ensaios (publicados recentemente) sobre tal tema, o que espero que ajude e estimule a reflexão de todos.

FOLHA DE SÃO PAULO
Tendências/Debates
Vai fugir da guerra, Dilma?
Para o líder da Guatemala, um general que não é bem um bicho-grilo, a guerra às drogas fracassou. Argentina, México e Colômbia apoiaram. E o Brasil?
Os chefes de Estado das Américas vão passar o fim de semana na linda Cartagena das Índias, na costa da Colômbia. O encontro promete as cenas de sempre: discursos sobre o bloqueio a Cuba, provocações de Chávez, sorrisos luminosos de Obama com o mar caribenho ao fundo. Enquanto isso, a América Latina está se afogando em um banho de sangue. É o pedaço mais violento do mundo, bem mais do que a África. Dos 14 países com maior taxa de assassinatos, sete ficam na América Latina, a começar pelo primeiro da lista, El Salvador, onde a chance de morrer perfurado por uma bala é maior do que no Iraque em guerra. O Brasil está olímpico competindo pelas posições do topo do ranking dos homicídios: é o 18º colocado, com 26 assassinados em cada 100 mil habitantes, mais que Palestina, Afeganistão e Moçambique. Em números absolutos, levamos o ouro: somos o país onde mais se assassina no mundo.
O motivo de tanta violência é claro como o mar do Caribe: a guerra contra as drogas. Nos últimos 40 anos, desde que Richard Nixon sentava na cadeira de Obama, os Estados Unidos lideram uma ofensiva repressiva contra as drogas no continente inteiro. As leis duras dão aos criminosos o monopólio de um mercado muito lucrativo, o que permite que eles sejam mais bem armados e bem pagos do que as forças de segurança.
O resultado é que os índices de violência vão às alturas. Paradoxalmente, o uso de drogas não para de crescer, por causa da falta de investimento em saúde e educação, já que o dinheiro está comprometido com armas e prisões.
A guerra contra as drogas é hoje o maior empecilho ao desenvolvimento latino-americano, afundando empresas, aumentando custos e estraçalhando o turismo. Mas, por muitos anos, nenhum político da região teve coragem de enfrentar esse problema -morriam de medo do grande irmão do norte e de perder votos nas eleições.
Isso começou a mudar. Mês passado, Otto Pérez Molina, presidente da Guatemala, sétimo país mais violento do mundo, defendeu que os países do continente comecem a conversar sobre soluções para o problema -incluindo aí a ideia de criar mercados controlados para a maconha, de forma a diminuir a lucratividade do tráfico e, consequentemente, o tamanho de suas armas.
Não pense que Perez Molina seja um bicho-grilo cabeludo: na verdade, ele é um general linha-dura que se elegeu dizendo que iria "esmagar os carteis com punho de ferro". Mas ele não é burro. Sabe que não terá chance de vencer enquanto as nossas políticas de drogas enriquecerem o exército inimigo. Apoios à atitude corajosa de Molina pipocaram em países importantes, como Colômbia, México, Argentina, Uruguai e Chile. Os Estados Unidos fizeram o que se espera deles: mandaram o vice-presidente dar uma bronca em Molina, fizeram pose de indignados. Estão jogando para a torcida: é ano de eleição e Obama não quer a fama de ser "mole com as drogas".
O ex-presidente da Colômbia, Cesar Gaviria, disse que a maioria dos principais oficiais do governo americano já sabe que a guerra contra as drogas foi um erro e que ela só não acaba porque está "funcionando no piloto automático".
No meio dessa confusão, um país é fundamental: o Brasil. Se Dilma apoiar claramente o debate, Brasil, México e Colômbia, as três maiores economias da América Latina, estarão do mesmo lado, defendendo a região de um banho de sangue. Isso precipitaria mudanças no mundo todo.
Mas o Brasil finge que não é com ele. O Itamaraty se recusou a comentar qualquer coisa, além de soltar uma vaga declaração de que o país "não se opõe ao debate". Nossos governantes devem estar ocupados demais escrevendo discursos sobre Cuba.
DENIS RUSSO BURGIERMAN, 38, jornalista, é autor do livro "O Fim da Guerra: a Maconha e a Criação de um Novo Sistema para Lidar com as Drogas" (Leya)

JORNAL BRASIL 247
Presidente da Guatemala defende legalização das drogas
Otto Perez Molina irá expor sua posição na 6ª Cúpula das Américas, que ocorrerá na Colômbia
Agência Brasil - O presidente da Guatemala, Otto Perez Molina, pretende defender a descriminalização das drogas durante a 6ª Cúpula das Américas, em Cartagena das Índias, na Colômbia. O combate ao narcotráfico nas Américas e as propostas de ação conjunta para o fortalecimento da segurança regional devem predominar nas discussões que reunirão 34 presidentes e primeiros-ministros.
Perez Molina disse que a proposta de descriminalização será apresentada durante a reunião com os líderes políticos. Segundo ele, dificilmente haverá consenso sobre todas as propostas apresentadas na cúpula. O governo dos Estados Unidos, por exemplo, é contra a legalização do consumo de dorgas.
A Guatemala, localizada na América Central, é um dos países que mais sofre com o tráfico de armas, drogas e pessoas. Grupos armados atuam na região e agravam a onda de violência no país. Dados recentes indicam que a média é 41 assassinatos para cada 100 mil habitantes.
Eleito em novembro de 2011, Pérez Molina agendou reuniões, em Cartagena, com os presidentes Juan Manuel Santos (Colômbia) e Sebastián Piñera (Chile), além do primeiro-ministro do Canadá, Stephen Harper, do secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza, e do presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Luis Alberto Moreno.

CARTA CAPITAL
Gabriel Bonis
Cúpula das Américas discute regulamentação das drogas
Nos últimos anos, diversos ex-chefes de Estado da América Latina têm se manifestado em favor da descriminalização das drogas em um movimento que começa a ganhar apoio dos atuais líderes destes países. O exemplo mais recente a propor o fim da política de repressão é o presidente da Guatemala, Otto Pérez Molina.
Em um artigo no diário britânico The Guardian, o guatemalteco defendeu abertamente a regulamentação das drogas, pois os mercados globais destas substâncias não podem ser erradicados.
Na 6ª Cúpula das Américas, com início neste sábado 14 em Cartagena, na Colômbia, Molina pretende fazer o mesmo e apresentar a proposta aos líderes da região. Segundo ele, a sociedade não acredita que o álcool ou o tabaco possam ser extinguidos, “mas de alguma forma supomos ser correto no caso das drogas.”
Uma explicação que, para Dartiu Xavier, psiquiatra e diretor do Programa de Orientação e Assistência a Dependentes da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), está relacionada com a visão maniqueísta de que apenas as drogas ilícitas são nocivas.
Para o médico, manter as drogas na ilegalidade equivale a entregar o controle aos traficantes, pois com a regulação do Estado – que difere da liberação total e indiscriminada dessas substâncias – seria possível valer-se de “uma serie de normas e procedimentos”. “Liberação geral é a dos traficantes, que detêm o controle. A normatização é discutir o assunto sobre a lei.”
Segundo dados da ONU de 2010, o tráfico de drogas é a linha mais lucrativa de negócios criminosos. A cocaína da região andina enviada à América do Norte e Europa gera mais de 70 bilhões de dólares por ano, e a heroína traficada do Afeganistão para a Europa ultrapassa os 30 bilhões. Os traficantes, com isso, ganham quase 280 milhões de dólares por dia.
Neste cenário, a preocupação com o tema também atinge os presidentes da Colômbia, Juan Manuel Santos, Costa Rica, Laura Chinchilla, e México, Felipe Calderón. “Observa-se que as grandes personalidades a se posicionar neste sentido são de países latino-americanos. Chefes de Estado dos países centrais não se manifestaram, o que leva a conclusão de que esse modelo draconiano vitimiza muito mais os países periféricos e seus habitantes. Exemplo disto é a matança o México”, diz Jorge da Silva, doutor em Ciências Sociais e ex-chefe do Estado-Maior Geral da Polícia Militar do Rio de Janeiro.
Segundo dados do governo, mais de 47 mil pessoas morreram devido ao narcotráfico naquele país desde 2006, quando Calderón assumiu o poder.
Assim como o presidente do México, Molina tem experiência na adoção de políticas repressivas. O mandatário guatemalteco foi ex-chefe dos serviços de inteligência do exército e um dos responsáveis por operações contra o tráfico. Ajudou a prender criminosos como o mexicano Joaquín “Chapo” Guzman, detido por oito anos em seu país até escapar de uma prisão de segurança máxima. Hoje, o criminoso aparece entre os 10 homens mais ricos do México, além de ser visto como uma das pessoas mais influentes do mundo pela revista americana Forbes.
Em seu artigo, Molina defende que nos últimos 20 anos o mundo lutou contra as drogas e não obteve resultados, pois o consumo destas substâncias aumentou, a produção evoluiu e o tráfico se espalhou. Por isso, seria necessário analisar o problema despido de visões ideológicas e perceber que “o consumo é um problema de saúde pública” transformado em criminal.
Uma visão punitiva, de acordo com Silva, inventada nos Estados Unidos na década de 30. “Ao fazer uma emenda constitucional pela proibição do álcool, o país criou o crime organizado no modelo atual”, afirma. “Depois eliminaram a medida porque esta criou grupos econômicos do setor e levou à corrupção de diversas autoridades.”
A lei seca americana, aponta Xavier, foi revogada, então, apenas pela criminalidade gerada, sem levar em consideração os impactos negativos da bebida na saúde dos norte-americanos. “Quando isso ocorreu, as pessoas não passaram a usar mais o álcool.”
Seguindo esse exemplo, Molina propõe que os Estados se concentrem em impedir o consumo de drogas da mesma forma como ocorre com o álcool e o tabaco, ou seja, por meio da regulamentação, como um problema de saúde pública.
“Os países não estão dispostos a agir assim, porque a linha proibicionista parte de uma premissa atraente: precisamos proteger a juventude. Mas é preciso regulamentar para proteger, porque o Estado tem controle. Hoje quem faz isso são os traficantes e mafiosos”, finaliza Silva.

GAZETA DO POVO
Cuba e debate sobre drogas devem 'apimentar' Cúpula das Américas
É pouco provável que os 33 países representados na sexta Cúpula das Américas promovam grandes mudanças em questões importantes do hemisfério
DEBATE SOBRE DROGAS
As discussões mais interessantes em Cartagena devem ser as relacionadas às drogas.
Há pedidos crescentes ao redor do mundo para a instituição de um novo olhar sobre como combater o comércio ilegal. Décadas de políticas linha-dura contra produtores e consumidores não conseguiram reduzir o abuso, a violência nem os lucros multibilionários dos criminosos.
Na América do Sul, alguns acreditam que a descriminalização da produção de coca - a matéria-prima da cocaína - reduziria o lucro dos traficantes e estimularia os agricultores a plantar outras coisas.
No Ocidente, o apoio é crescente para a regulamentação legal das drogas, em especial da maconha. Portugal, Suíça e Holanda reduziram o consumo de drogas ao experimentarem novas políticas.
Os líderes da América Latina estão cada vez mais abertos a debater o assunto e alguns poucos apoiam publicamente. Mas é improvável que haja consenso para a promoção de uma grande mudança, especialmente com a forte oposição dos EUA, acreditam analistas e diplomatas.
"A grande maioria dos países quer discutir a questão. O que pode acontecer é o início de um debate necessário", afirmou Santos na quarta-feira ao chegar a Cartagena para verificar os preparativos.
"A Colômbia tem sofrido há anos com esse flagelo. O crime organizado tem um poder ainda maior na América Central. Portanto, precisamos encarar o assunto de frente e começar um debate, apenas para ver se há uma alternativa melhor para atacá-lo."
Outra questão latente para os líderes nesse fim de semana será como lidar com o excesso de dinheiro proveniente dos países ricos, que inunda as economias cada vez mais fortes.
A presidente Dilma Rousseff usou o termo "tsunami monetário" e falou com Obama sobre a questão em Washington nesta semana.
Embora o fluxo monetário mostre a nova força da América Latina em um momento de turbulência econômica global, ele também valoriza as moedas, afetando a competitividade e levando alguns países a tomar medidas protecionistas a fim de reduzir as importações.

sábado, 7 de abril de 2012

Rafael Vianna apresenta sua teoria sobre o crime em Congresso nos Estados Unidos

O Delegado Rafael Vianna, membro da American Society of Criminology, apresentou sua teoria sobre o crime, desenvolvida em sua pesquisa de mestrado, no último encontro anual da Sociedade Americana de Criminologia, ocorrido no final do ano passado, em Washington D.C.


Em seus estudos, Rafael Vianna explica como o frágil vínculo social somado à oportunidade de delinquir podem explicar a criminalidade. Baseado em uma pesquisa realizada através de grupos de controle, o pesquisador conseguiu comprovar como os dois fatores podem explicar os altos índices de criminalidade violenta de adolescentes no Brasil.
Dedicando especial atenção à subcultura delinquente e à oportunidade como fatores determinantes da criminalidade, a teoria apresentada por Vianna vem servindo de base para discussões nos Estados Unidos e entre criminólogos do mundo todo, oferecendo fundamento para se repensar o papel da família e da escola na prevenção do crime.
Durante o encontro anual, além de apresentar seu trabalho, Vianna conheceu as pesquisas mais atuais que estão sendo desenvolvidas nas áreas de criminologia, segurança pública e polícia. Também visitou diversas agências policiais americanas e conheceu museus e centros de estudos voltados para a segurança pública.
Em breve, algumas fotos e artigos sobre as visitas serão postadas neste blog.

domingo, 1 de abril de 2012

"10 ideias para uma Curitiba melhor" da Gazeta do Povo tem participação do Delegado Rafael Vianna

O Jornal Gazeta do Povo, de 31/03/2012, presenteou Curitiba com 10 ideias que podem ajudar a cidade. Conhecida pela inovação, Curitiba perdeu nos últimos anos a capacidade de projetar o futuro. Para estimular novamente o espírito criativo da cidade, a Gazeta do Povo ouviu especialistas e selecionou dez projetos que poderiam transformar a realidade da capital.
Na área de segurança, foi escolhida a ideia Vizinhança Segura, trazida pelo Delegado Rafael Vianna em seu livro Diálogos sobre Segurança Pública.
Incentivador da participação da sociedade na segurança pública, Rafael Vianna conversou com a Gazeta do Povo sobre como mudanças comportamentais e atitudes simples podem influenciar e melhorar a segurança pública. 
A reportagem completa pode ser lida no site do Jornal: 

10 IDEIAS PARA UMA CURITIBA INOVADORA
31/03/2012
Por Gabriel Azevedo

Ao longo de muitos anos, referir-se a Curitiba trazia à cabeça, invariavelmente, um adjetivo: a capital já foi a moderna, a universitária, a ecológica, a limpa e a civilizada. Por trás dos diversos atributos colecionados pela cidade nos seus 319 anos há uma única essência, a busca pela inovação. O transporte público e os programas de reciclagem de lixo foram iniciativas ousadas que trouxeram fama e notoriedade.
Entretanto, nos últimos anos, a capacidade de projetar o novo se perdeu ou se desvirtuou. Para estimular novamente o espírito criativo da cidade, a Gazeta do Povo ouviu especialistas de cinco áreas e selecionou dez projetos que, se adotados, poderiam transformar a realidade da capital paranaense. Afinal, a inovação impulsiona os curitibanos desde 1693.
1 - Conectada
Seguir o exemplo de Seul, na Coreia do Sul, onde a prefeitura instalou antenas de wi-fi em 360 parques, 3,2 mil cruzamentos e 2,2 mil ruas em torno de centros comerciais seria uma das inovações mais radicais que a cidade poderia fazer, segundo a blogueira Bia Kunze, autora do blog Garota Sem Fio. Na opinião dela, além de ser uma enorme contribuição para a educação, a internet gratuita e sem fio resolveria muitos problemas de serviço. “Tudo pode ser feito pela internet, da retirada de documentos a boletins de ocorrência. Isso diminuiria as filas”, diz.
Ela defende que a prefeitura comece oferecendo a conexão livre em espaços estratégicos. “A inovação poderia começar pelas bibliotecas públicas, escolas municipais, praças e parques”, diz.
2 - Talentosa
Criar um conceito de educação facilitaria o descobrimento e o desenvolvimento de novos talentos. Para o consultor educacional Renato Casagrande, um projeto que descobrisse alunos talentosos e suas habilidades, oferecendo a eles acompanhamento de mentores de diferentes áreas do conhecimento seria um projeto e tanto para a cidade. A iniciativa deveria envolver o poder público, empresas e a sociedade civil e teria como foco o ensino infantil em escolas públicas. Para desenvolver e ampliar as habilidades, o aluno seria submetido a treinamentos. “Além das disciplinas escolares, ele teria contato com cultura geral, curso de línguas e lógica. Ele ampliaria a visão de mundo”, conta. “No futuro, seriam eles quem iriam desenvolver as inovações para Curitiba”, garante.
3 - Saudável
Trocar o pé de moleque por maçã, cerveja por suco de mamão, coxinha por salada. A ideia da coordenadora de Nutrição da Universidade Tuiuti do Paraná, Priscila Dabaghi Barbosa, para tornar a cidade mais saudável é proibir a comercialização de doces, frituras e álcool em espaços públicos, como parques e terminais de transporte coletivo. Ela também defende a proibição do consumo de cigarros nesses locais. Para a professora, Curitiba seria pioneira ao adotar tais medidas. “Em vez de beber cerveja, as pessoas beberiam suco nos parques. Com incentivo, seriam criados quiosques com frutas no centro, nos parques e nas ruas”, diz.
4 - Descentralizada
Apontada por urbanistas como uma das possíveis soluções para o problema de trânsito da capital brasileira mais motorizada do país, a descentralização é uma alternativa viável para evitar que os moradores do Cabral, Xaxim e Jardim Social tenham de se deslocar todos os dias, ao mesmo tempo, para o centro da cidade.
Com a formação de pequenos centros em diversas regiões de Curitiba, que ofereçam um conjunto de serviços e oportunidades (comerciais, culturais, de lazer, de trabalho, de saúde, serviços públicos), os grandes deslocamentos de carro tornariam-se desnecessários. Para André Caon, que também é presidente da Sociedad Peatonal – uma ONG de defesa dos pedestres –, a criação de uma Curitiba polinuclear favoreceria a caminhabilidade.
5 - Integrada
Implantado em 2003, o sistema de bilhetagem eletrônica de Curitiba poderia ser muito mais inovador do que apenas um cartão eletrônico que armazena créditos de passagens a serem usados na Rede Integrada de Transporte. Ele poderia ser usado para a integração temporal. De acordo com engenheiro eletricista André Caon, coordenador do Fórum de Mobilidade Urbana de Curitiba, após pagar a passagem, o cartão-transporte de Curitiba poderia ficar habilitado por 120 minutos. “Nesse período, o usuário poderia viajar sem precisar ir aos terminais de ônibus, encurtando a viagem, reduzindo a superlotação de ônibus e terminais e gerando economia ao sistema”, diz. Atualmente, a integração temporal beneficia apenas 600 pessoas, no Santa Quitéria e Vila São Pedro, na Linha Verde.
6 - Pontual
Fazer com que os doentes crônicos se conscientizem de tomar os medicamentos todos os dias tem efeitos tanto na saúde desses pacientes quanto nos gastos públicos. Segundo o médico infectologista José Luís Andrade Neto, professor da UFPR e da PUCPR, a busca ativa poderia ajudar a resolver esse problema. Equipes técnicas monitorariam todos os doentes crônicos e identificariam quem toma ou não o remédio. Na busca ativa, os suspeitos de não estar tomando os medicamentos direito seriam visitados por técnicos. “O profissional verificaria a cartela e assistiria a tomada do remédio”, diz.
7 - Monitorada
Para atingir a paz no trânsito, uma ideia seria colocar em uso um equipamento já utilizado em algumas cidades brasileiras, a ViaPK – um veículo com tecnologias de fiscalização e monitoramento eletrônico. Essa pode ser uma solução para evitar mortes e vítimas de acidentes na capital paranaense. O equipamento tem um sistema de leitura automática das placas de veículos em movimento, que permite identificar carros com débitos de IPVA, licenciamento e multas, além daqueles roubados e clonados. De acordo com o analista de sistemas e gestor de produtos da Perkons, Ricardo Simões, esse sistema permite realizar blitze abordando apenas os carros com aqueles problemas. “Fiscalização rápida e eficaz”, diz.
8 - Segura
Inovação não implica apenas a utilização de tecnologias avançadas e ideias futuristas. Muitas vezes o mais eficaz é algo simples e criativo. Em Curitiba, 15 ruas em sete bairros têm sirenes, que são acionadas, por controle remoto, quando há a suspeita de um delito. A iniciativa derrubou os índices de criminalidade nesses locais. De acordo com o delegado Rafael Vianna, autor do livro Diálogos Sobre Segurança Pública, iniciativas como a instalação de sirenes são inovadoras, e podem resolver o problema da segurança. “Esses projetos estimulam as pessoas a pensarem sobre segurança, a descobrirem as fragilidades do seu bairro e rua. E nada pode ser feito se não houver a união da vizinhança”, explica.
9 - Econômica
Embora seja notoriamente conhecida por seu tempo nublado, Curitiba poderia ser a primeira do Brasil, e uma das poucas do mundo, a ter a maioria das residências, prédios públicos, praças, estações-tubo, abastecidos por energia solar. A iniciativa já foi adotada no Parque Barigui. De acordo com Hewerton Martins, presidente da Solar Energy, empresa que desenvolve projetos e produtos vinculados aos sistemas solares fotovoltaicos, energia solar é o futuro, e a cidade seria inovadora se adotasse um modelo mais “limpo” e renovável e que, segundo ele, está cada vez mais barato.
10 - Preservada
Reservar espaços urbanos para o meio ambiente e criar um corredor de biodiversidade, integrando parques e reservas ambientais. Com o avanço do mercado imobiliário, as áreas verdes de Curitiba, aos poucos, têm sido reduzidas. Para a capital inovar, diz Terezinha Vareschi, vice-presidente da Associação dos Protetores de Áreas Verdes de Curitiba, é necessário criar Reservas Particulares do Patrimônio Natural Municipal (RPPNMs). Ela diz que os proprietários das áreas verdes têm pouco conhecimento sobre o assunto e a contrapartida do poder público não é suficiente. “Só o potencial construtivo não vai convencer os proprietários a criarem reservas”, diz. Segundo Terezinha, Curitiba tem 700 áreas verdes que poderiam ser transformadas em RPPNMs.