Eu
sou alguém que luta contra tudo que é, ainda que eu ache que sou um pouco mais
essa luta do que o que sou. Lutar contra tudo o que poderia ser ou
instintivamente seria é a minha vida, o que realmente sou, como vivo, como levo
meus dias no mundo.
Luto
contra meus instintos mais primitivos, minhas vontades mais violentas, meus
medos mais naturais.
Adoro
a guerra, mas luto pela paz. Sinto vontade da violência, mas educo meu espírito
para a gentileza. Não acredito em compromissos, mas luto sempre para ser leal.
Não acredito no ser humano, mas luto sempre para dignificá-lo. Não acredito nas
pessoas, mas entrego-me com sinceridade em cada diálogo.
Não
sei se vivo ou se apenas resisto.
Eu
gosto do impossível, do choque, da impressão inesperada, do espanto, da
filosofia, dos argumentos até o limite dos fundamentos. Sonho muitas vezes...
Sonho em descobrir o fundamento último da existência e do espírito humano, em
construir algo para a eternidade, em encontrar espíritos que também sonhem
assim.
Tenho
sonhos impensáveis até para quem me conhece profundamente, tenho uma
contradição inerente naquilo que sou. Adoro o arrebatamento de uma vida de
leituras ao lado da mulher que amo, em minha casa confortável e acolhedora; mas
também namoro a possibilidade da luta no Sudão com a Legião Estrangeira.
Poucos
entenderão tanta complexidade, tanta abstração misturada com um cortante
pragmatismo, poucos aceitarão. Como explicar tanta contradição, tanta dúvida,
tanta inquietação, tanta diferença com o mundo. Não vejo sentido na vida como
as pessoas enxergam, nos seus valores, nos seus pensamentos e julgamentos; no
entanto, vivo muito bem entre elas.
Será que as pessoas podem entender o que escrevo? Será
que serve para alguma coisa tanta exposição? Será que escrevo para servir?
Escrevo para mim e para poucos, pois não consigo escrever e ser mais simples. Gosto
do jogo das palavras, de várias coisas ao mesmo tempo, da transmissão mais
sutil de algo não aparente. Escrevo para atingir almas, para espíritos que
nunca se revelam, escrevo para mim. Render-me a agendas contemporâneas faria
com que meus textos não fossem mais meus.
Pode ter certeza que os leitores entendem e seus textos nos fazem refletir no sentido da vida.
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