As
indústrias automobilísticas constroem carros velozes, fazem propagandas
bonitas, alijam nossa economia e nosso pensamento de novas produções e
possibilidades. Somos reféns dos carros, escravos, viciados que não conseguem
ver outra forma de viver, de manter a economia, os empregos, os tributos. Somos
viciados em carros, pois não podemos largá-los, uma vez que eles elegem e nos
impedem de falar e pensar.
E
sobra para quem? Para duas taças de vinho. Elas causam as mortes no trânsito,
nossas tragédias e nossos fins. Poucos falam da velocidade como causadora e
propulsora da violência no trânsito, ainda que seja lembrada vez por outra.
Todos falam do álcool. Ocorre que existe uma diferença muito grande entre tomar
duas taças de vinho em um jantar com seus avós e beber desenfreadamente a noite
inteira em uma balada ou em uma festa rave.
Existe uma diferença entre uma taça de vinho em uma refeição e um espírito
doentio e indiferente à vida humana guiando em alta velocidade.
Por
que construímos carros que podem chegar a 200 Km/hora se nossa lei apenas
permite 110 km/hora? Por que nossos veículos fazem propaganda de que atingem
maior velocidade em menor tempo, se o objetivo dos veículos não é desrespeitar
as leis de trânsito que estabelecem limites reduzidos de velocidade? Já escrevi
em outros artigos que carros velozes são feitos para correr e que não existe
lógica alguma em nossa lei permitir que fabricantes de veículos construam
carros velozes. Isso é contrário às leis.
Há
diferença entre o completamente embriagado e que dirige em altíssima
velocidade; e aquele que bebeu apenas duas taças de vinho e volta devagar e com
cuidado redobrado para casa. Não defendo que o álcool não é perigoso ou não
causa efeito nenhum nos sentidos e nos reflexos, mas aí também teremos que
transformar em crimes as condutas de dirigir falando ao celular, trocando CD ou
escolhendo a estação no rádio, levando crianças no banco de trás (que não param
de gritar, brigar e diminuir nossa atenção) ou com sono. Tudo isso afeta nossa
atenção e nossos reflexos no trânsito. Tudo isso é perigoso e não recomendado.
O
que falta para a tragédia? A velocidade. É ela que mata. É ela o fator comum em
todos os acidentes graves, com mortes, que mutilam. Some velocidade, álcool e
um espírito doentio e indiferente à vida, e teremos uma tragédia. Mas a lei não
diferencia quem tomou duas taças de vinho em um jantar com os avós e quem bebeu
a noite inteira e sai dirigindo loucamente em alta velocidade. Com um pouco de
álcool no sangue qualquer um é considerado criminoso, preso, multado, proibido
de dirigir. A velocidade é diferente, pois carros velozes fazem parte de nossos
sonhos.
Genial o texto Rafael! Não sei a fundo sobre as leis referentes ao assunto, mas me parece mais coerente a medida antiga que possuia uma porcentagem alcoolica permitida no sangue (que diferenciava a taça de vinho com os avós de uma bebedeira na balada). O problema da medida antiga é que não havia fiscalização. Agora mudam a regra para tolerância zero e começam a fiscalizar... não poderiam ter simplesmente começado a fiscalizar? Vai entender...
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